2 de jul. de 2010

Ferreira Gullar

A você escrevo esta carta
após um despertar de insônia.
A você dirijo estas palavras
que tão distantes e lúcidas
ressoam por seus límpidos olhos prateados.

A você que só me resta desejar,
cujos passos não sou capaz de alcançar,
perdoe-me por sentir medo
e também por esquecer que a você
jurei eterna divindade.

Meus olhos desejam fechar-se,
omitindo as lágrimas que deles brotam,
adormecendo por fim como um anjo
que não mais deseja voar,
apenas sentir seus braços.

Jure nunca voltar-se aos céus
e rogar por clemência.
Suas palavras agora ecoam pela eternidade,
pois somente a você reservei o mais belo dos jardins
no paraíso de meu coração.