16 de nov. de 2014

as palavras


Todas as palavras tomadas literalmente são falsas. 
A verdade mora no silêncio que existe em volta das palavras. 
Prestar atenção ao que não foi dito, ler as entrelinhas. 
A atenção flutua: toca as palavras sem ser por elas enfeitiçada.
Cuidado com a sedução da clareza! 
Cuidado com o engano do óbvio!

os reflexos


Os espelhos são usados para
ver o rosto, a arte para ver a alma.

a colheita


Eu já janeirei, fevereirei, até setembrei  com todos os ventos que eles me trouxeram. Agora vou outubrar, de preferência primaverando que é pra desabrochar o que plantei no restante dos meses.

o medo


Dizem que antes de um rio entrar no mar, ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada que percorreu, para os cumes, as montanhas, para o longo caminho sinuoso que trilhou através de florestas e povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto, que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode voltar. Voltar é impossível na existência. O rio precisa de se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entrar no oceano é que o medo desaparece, porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas de tornar-se parte dele.

a beleza


Só vê a beleza do mundo aquele que a tem dentro de si.